Atualmente é possível, com um único exame, saber toda a sua informação genética e realizar o diagnóstico de doenças raras com rapidez e certeza nunca vistos na medicina.
Qual a relação do exame de sequenciamento de Exoma com o nosso DNA?
O genoma humano consiste em 3 bilhões de nucleotídeos ou “letras” de DNA. Mas apenas uma pequena porcentagem – 1,5% – dessas letras são realmente traduzidas em proteínas. Elas são os verdadeiros maestros que fazer nosso corpo funcionar.
O “exoma” consiste no estudo genético de todos os éxons do genoma, que são as porções mais importantes dos genes.
Por que o médico geneticista é o especialista ideal para solicitar e avaliar um EXOMA?
O sequenciamento do exoma é um teste que pode ser usado para detectar milhares de doenças genéticos com um único só exame. O laboratório, usando máquinas de alta tecnologia, analisa o sangue ou outras amostras retiradas de você ou de seu filho para ler o código genético de cerca de 20.000 genes que compõe o corpo humano. Eles então procuram por alterações genéticas, chamadas de mutações, que possam levar a diferenças na forma como o corpo cresce e se desenvolve, e ser a causa da doença.
Em vez de analisar genes um por um, como era feito de rotina até poucos anos atrás, a tecnologia de sequenciamento de exoma pode analisar milhares genes de uma só vez.
Como o sequenciamento do exoma é complexo, é fundamental uma consulta com um médico geneticista. Abaixo estão listados o que é feito em cada etapa da solicitação desse exame. Saiba que, quando o médico geneticista solicita esse exame para você ou para o seu filho(a), essas etapas são feitas automaticamente durante a consulta.
- PRÉ-TESTE: O médico geneticista, ao avaliar o caso clínico, levanta hipóteses diagnósticas que possam explicar o que o paciente apresenta. Antes mesmo de solicitar o exoma, ele pode solicitar outros exames para juntar mais evidências e aumentar para ajudar a chegar ao diagnóstico final com maior rapidez.
- SOLICITAÇÃO DO TESTE: Ao solicitar o teste, o médico geneticista informará ao laboratório todas as informações clínicas, alterações de exames de sangue, alterações nos exames de imagens, evolução do caso, histórico familiar, e orientará o laboratório que receberá a amostra quais regiões do genoma humano devem ser analisadas com maior cuidado, de acordo com a hipótese diagnóstica inicial.
- PÓS TESTE: Ao receber o resultado, o médico geneticista avaliará se as dezenas de variantes reportadas estão de acordo com o quadro clínico e podem ser o diagnóstico final. É comum também nessa fase, antes de retorno do paciente, que o médico geneticista entre em contato com o laboratório para discutir mais informações a respeito da classificação da variante em casos onde o resultado foi inconclusivo.
- ENTREGA DOS RESULTADOS: Com os resultados em mãos, o paciente é chamado para consulta para que possa ser dado o diagnóstico do caso. Eventualmente é necessário também ir mais a fundo e estudar o DNA da família a fim de confirmar uma hipótese devido ao fato de nosso DNA ter bilhões de locais que podem sofrer mutações.
- ACONSELHAMENTO GENÉTICO: Envolve todo o processo desde o diagnóstico, risco genético, acolhimento familiar e tratamento. Você pode ter mais informações sobre o aconselhamento genético clicando aqui
Indicações do EXOMA
Para muitas questões de diagnóstico, o Sequenciamento Completo do Exoma tornou-se o método de “primeira linha” para esclarecer o diagnóstico nas doenças raras, ou em casos em que a pessoa passa anos, ou mesmo décadas, sem ter uma resposta definitiva e um tratamento adequado para o seu problema.
Em particular, o uso do EXOMA é indicado em casos como:
- Deficiência intelectual (QI inferior a 70)
- Transtorno do espectro autista. Saiba mais clicando aqui
- Distúrbios funcionais ou malformações que afetam o cérebro
- Crianças com alterações faciais com suspeita de síndromes genéticas
- Malformações congênitas (aquelas que ocorrem já ao nascimento)
- Anormalidades do ultrassom pré-natal
- Baixa estatura ou anormalidades no crescimento. Saiba mais clicando aqui
- Epilepsia na infância
- Doenças neuromusculares. Saiba mais clicando aqui
- Doenças cardíacas como cardiomiopatias e arritmias
- Doenças renais crônicas sem causa definida
- Doenças da retina – retinopatias genéticas
- Manchas no cérebro – Leucoencefalopatias a esclarecer
- Suspeita de erros inatos do metabolismo
- Odisseia de anos sem diagnóstico
Como é feito o sequenciamento do EXOMA?
Para realizar o sequenciamento médico do exoma, normalmente é coletado uma amostra do sangue, ou de saliva ou de swab bucal (teste do cotonete). O DNA é extraído dessas amostras de sangue ou tecido e depois analisado.
Em alguns casos podemos fazer o exoma duplo ou trio, que tem maior taxa de sucesso no diagnóstico, onde solicitamos amostras de sangue de pais biológicos e/ou irmãos para ajudar na análise. Se os membros da família biológica não estiverem disponíveis, o teste ainda pode ser realizado.
Os técnicos do laboratório usarão um método especial para extrair apenas a parte do genoma que contém os éxons dos genes (por isso o nome exoma). Máquinas de alta tecnologia sequenciam ou leem o código genético do exoma. Essa leitura é comparada com outras amostras de DNA e então encontram-se todas as possíveis alterações genéticas da pessoa que possam explicam o seu diagnóstico.
Os dados de um exame de exoma são então revisados pelo médico geneticista e pelos para determinar se alguma dessas alterações destacadas pode estar causando a doença do paciente, seja adulto ou criança.
Além de comparar a sequência de DNA, o médico geneticista também a compara com as sequências de outros membros da família. Essa comparação permite que o laboratório determine quais alterações de sequência são exclusivas do paciente e quais alterações de são compartilhadas por outros membros da família. Determinar quais alterações são herdadas e quais alterações são mutações novas pode ser extremamente útil ao tentar encontrar uma ou duas alterações que podem ter causado uma doença rara
O sequenciamento do exoma é um teste altamente complexo e requer tempo tanto para o sequenciamento quanto para a interpretação das informações. A maioria dos resultados do exoma estará disponível para as famílias dentro de dois a três meses.
IMPORTANTE RESSALTAR É QUE MUITAS PESSOAS TÊM DIAGNÓSTICOS ERRADOS E ESTÃO SENDO TRATADAS DE FORMA NÃO ADEQUADA QUANDO, NA VERDADE, SÃO PORTADORAS DE UMA DOENÇA RARA.
SEGUNDO A OMS, 1 em cada 15 PESSOAS NO MUNDO TEM UMA DOENÇA RARA.
Que tipo de resultados podemos esperar?
O sequenciamento do exoma pode produzir dezenas de resultados, e por isso um médico geneticista deve estar frente ao seu caso na hora de analisar o exame. Fatores que são analisados em cada exoma.
- O Gene em que foi encontrado a alteração genética;
- O tipo de alteração genética encontrada;
- O que se sabe já na literatura médica sobre essa mutação;
- Se essa alteração tem em bancos de dados genômicos ou não;
- Qual o efeito dessa alteração genética quando colocamos em modelos computadoracionais altamente sofisticados;
Isso gera uma classificação para cada alteração, essa classificação é dividida em 3 categorias:
- Positivo: Foram identificadas alterações que podem explicar as características clínicas primárias do paciente. O teste também pode vir com o resultado “patogênico” no laudo.
- Negativo: Não foram identificadas alterações que explicassem a doença do paciente investigado; primária.
- Inconclusivo: O laboratório não encontrou uma resposta definitiva para as características primárias. O teste também pode vir com o resultado “variante de significo incerto no laudo”.
O médico geneticista é o responsável por explicar ao paciente o laudo, que pode ser complexo. Muitas vezes laudos são interpretados de forma incorreta por quem não tem experiência com o exame, por isso tenha certeza de escolher um profissional habilitado e com Registro de Especialista pela Sociedade Brasileira de Genética Médica.
Dr. Carlos Leprevost
Médico Geneticista, CRMSP 158199
Membro efetivo da Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica (RQE 86412)
Especialista em Neurogenética, Distúrbios de Neurodesenvolvimento e Erros inatos do metabolismo
Pós-graduado em Endocrinologia adulta e pediátrica
Fontes:
– Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
– Revista de Medicina da Família e Comunidade
– https://www.scielo.br/j/eins/a/xbrdQ9F8mXKwVyvN5gxsdpP/?format=pdf&lang=pt