A partir da análise de alta resolução do sequenciamento genético, esse exame consegue identificar importantes alterações cromossômicas
Estima-se que existam aproximadamente 7 mil doenças genéticas diferentes, e é estimado que uma a cada 20 pessoas tenha alguma doença rara, sendo 80% destas genéticas.
Conhecer a causa delas é de grande importância para a família e pacientes poderem definir o melhor tratamento e as condutas mais adequadas. Nesse sentido, o exame CGH-Array é realizado pelo médico geneticista que ajuda as famílias a compreenderem se os quadros clínicos apresentados pelo paciente são, ou não, de origem genética, indicando também as suas particularidades.
O que é o exame CGH-Array?
O exame CGH-Array (Hibridação Genômica Comparativa baseada em Micro Arranjos) faz o mapeamento do genoma do paciente, identificando quaisquer alterações cromossômicas que possam, ou não, ter repercussão clínica. Para isso, o DNA obtido é comparado com um DNA controle, o que permite verificar a quantidade de DNA que a pessoa apresenta, ou seja, se há regiões de perdas/deleções ou ganhos/duplicações no material genético.
O exame CGH-Array um método diagnóstico de alta tecnologia que ajuda os pacientes e as famílias a identificarem a origem das mais diversas síndromes, possibilitando a determinação do melhor tratamento para cada pessoa, além de auxiliar no aconselhamento genético.
O que é possível detectar com o exame CGH-Array?
O grande benefício que o exame CGH-Array trouxe para a medicina genética diagnóstica é a possibilidade de detectar anomalias cromossômicas em níveis submicroscópicas, que não são visíveis pelo cariótipo.
Para quem o exame é indicado?
O exame Array CGH agora é considerado o teste de linha de frente para pacientes que apresentam atraso no desenvolvimento (motor ou crescimento), transtorno do espectro do autismo, dificuldades de aprendizado moderadas a graves, características dismórficas, com ou sem anormalidades congênitas. Em resumo, é um exame útil na investigação e tratamento de:
- Transtorno do Espectro Autista;
- Síndromes Genéticas a esclarecer;
- Crianças com várias anomalias congênitas sem causa aparente;
- Convulsões e epilepsia;
- Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor;
- Baixa estatura ou alta estatura patológica (ou seja, fora do canal familiar);
- Desordens do desenvolvimento sexual;
- Infertilidade e abortamento de repetição.
Qual é o papel do exame CGH-Array na investigação de síndromes genéticas?
Como vimos, anormalidades cromossômicas podem estar associadas a atraso no desenvolvimento, transtorno do espectro autista, dificuldades de aprendizagem, características dismórficas e outras anormalidades congênitas.
O exame CGH-Array pode detectar alterações genéticas menores do que é possível pelo cariótipo convencional e pode fornecer informações precisas sobre o tamanho e as possíveis consequências dos ganhos (duplicações) ou perdas (deleções) identificados. Vários estudos mostraram que o exame CGH-Array, quando aplicado a pacientes apropriados, detectará até três vezes mais desequilíbrios cromossômicos que causam uma doença do que o cariótipo devido à sua maior precisão e sensibilidade.
O exame CGH-Array também tem grande importância na confirmação ou exclusão de diagnósticos que tiveram resultados anormais e inconclusivos no exame de cariótipo por bandagem G.
Algumas síndromes genéticas detectáveis pelo exame CGH-Array
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Síndrome da Microdeleção 1p36
A síndrome de deleção 1p36 é um distúrbio que normalmente causa deficiência intelectual grave. A maioria dos indivíduos afetados não fala, ou fala apenas algumas palavras. Eles podem ter acessos de raiva, morder a si mesmos ou exibir outros problemas de comportamento. A maioria tem anormalidades no cérebro e convulsões, além de tônus muscular fraco (hipotonia) e dificuldades de deglutição (disfagia).
Pessoas com síndrome de deleção 1p36 têm uma cabeça pequena que também é incomumente curta e larga em proporção ao seu tamanho (microbraquicefalia). Os indivíduos afetados também têm características faciais distintas, incluindo olhos profundos com sobrancelhas retas; uma aparência afundada do meio da face (hipoplasia da face média); um nariz largo e achatado; uma longa área entre o nariz e a boca (filtro); um queixo pontudo; e orelhas de implantação baixa, giradas para trás e com formato anormal.
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Síndrome da Microdeleção 22q11
A síndrome de deleção 22q11.2 (que também é conhecida por vários outros nomes, como Síndrome Velocardiofacial) é um distúrbio causado pela deleção de um pequeno pedaço do cromossomo 22.
A síndrome de deleção 22q11.2 tem muitos sinais e sintomas possíveis que podem afetar quase qualquer parte do corpo Um dos principais achados também são as doenças cardíacas presentes desde o nascimento, por isso do nome da Síndrome VeloCardioFacial. Toda criança que se apresenta com cardiopatia congênita deve, a princípio, ser avaliada por um médico geneticista para avaliar a possibilidade de microdeleção no cromossomo 22.
Outros sintomas incluem infecções recorrentes causadas por problemas com o sistema imunológico e características faciais distintas. Em indivíduos afetados, os músculos que formam o céu da boca (palato) podem não fechar completamente, mesmo que o tecido que os cobre, resultando em uma condição chamada fenda palatina. Os indivíduos afetados também podem ter problemas respiratórios, anormalidades renais, baixos níveis de cálcio no sangue (o que pode resultar em convulsões) e diminuição das plaquetas sanguíneas (trombocitopenia).
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Síndrome de Cri-du-Chat
A síndrome de Cri-du-chat (síndrome do miado de gato), também conhecida como síndrome 5p- (5p menos), é uma condição cromossômica que ocorre quando um pedaço do cromossomo 5 está faltando. Os bebês com essa condição geralmente têm um choro agudo que soa como o de um gato. O distúrbio é caracterizado por deficiência intelectual e atraso no desenvolvimento, tamanho pequeno da cabeça (microcefalia), baixo peso ao nascer e tônus muscular fraco (hipotonia) na infância. Os indivíduos afetados também têm características faciais distintas, incluindo olhos separados (hipertelorismo), orelhas de implantação baixa, mandíbula pequena e rosto arredondado. Algumas crianças com síndrome de cri-du-chat nascem com defeitos cardíacos.
Como o médico geneticista realiza o exame CGH-Array?
Na consulta com o médico geneticista, o paciente e a família passam por uma análise em que é preciso revisar toda a história clínica do paciente, desde os antecedentes pré-natais até os sinais e sintomas presentes. Além disso, o profissional busca informações da história familiar que possam ter associação com o quadro clínico apresentado.
Após levantar as hipóteses diagnósticas, ele solicita ao laboratório a realização do exame CGH-Array. Quando pronto, o médico geneticista analisa o resultado obtido comparando-o com um banco de dados global que permite correlacionar as especificações clínicas às alterações encontradas nos genes.
A importância de ter um médico geneticista experiente realizando e analisando esse exame se dá, também, porque o exame CGH-Array fornece resultados de alta complexidade de interpretação, podendo causar resultados falso-positivos, caso não sejam interpretados corretamente.
Quais as vantagens de fazer o exame?
O exame CGH-Array permite visualizar os cromossomos com uma resolução muito maior e melhor do que o carioótipo comum. Por isso, é possível encontrar respostas para síndromes genéticas que outros exames não conseguem, garantindo ao paciente melhores condições de seguimento médico.
Um importante exemplo é a busca de familiares de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo exame CGH-Array. Ao fazer esse exame, é possível identificar se a etiologia do quadro é genética e, se positivo, qual é a alteração principal. Com essas informações em mãos, a família sabe melhor o que esperar para o futuro dessa criança e quais condições de saúde ela é mais propensa a desenvolver, podendo, a partir disso, estabelecer os melhores cuidados para seu crescimento.
Entre em contato e agende sua consulta via telemedicina e tenha seu atendimento sem sair de casa com o Dr. Carlos Leprevost. (CRMSP: 158199; RE 86.412.)
Fontes:
– Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
– Revista de Medicina da Família e Comunidade
– https://www.scielo.br/j/eins/a/xbrdQ9F8mXKwVyvN5gxsdpP/?format=pdf&lang=pt