Neurofibromatose tipo 1
A neurofibromatose tipo 1 (NF1) é também conhecida como doença de Von Recklinghausen. Trata-se de uma doença de origem genética e hereditária que costuma se apresentar logo ao nascimento da criança, através de manchas com coloração de café com leite e, por volta da adolescência, provoca um crescimento incomum de tumores pelo corpo, conhecidos como neurofibromas.
Em geral, a neurofibromatose tipo 1 é benigna. Contudo, são necessários cuidados contínuos com a pessoa portadora, pois pode gerar complicações secundárias à doença. Ela também pode provocar o surgimento de tumores externos, com possibilidade de causar uma deformidade corporal, podendo ser necessárias cirurgias ou medicações para realizar sua remoção.
Qual a causa da NF1?
A neurofibromatose tipo 1 é provocada por mutações no gene NF1, localizado no cromossomo 17. Estes reduzem a produção de neurofibromina, uma proteína usada pelo organismo como forma de evitar o surgimento de tumores.
É por esta razão que, quando os genes são afetados, acontece o aparecimento dos tumores característicos da neurofibromatose tipo 1. Apesar de os casos diagnósticos serem herdados de um dos pais, em cerca de metade dos pacientes a doença surge sem que haja histórico familiar.
Quais são os sintomas?
O sintoma inicial e mais característico da doença é o surgimento (às vezes, logo ao nascimento), de manchas na pele com coloração próxima à cor de café com leite.
Em geral, também surgem manchas na íris, que é a região colorida do olho, que são chamadas de “nódulos de Lisch”. Apesar desta alteração ser visível, ela não costuma trazer interferências na visão.
A maior parte dos adultos com neurofibromatose tipo 1 desenvolve de maneira progressiva os tumores não cancerosos conhecidos como neurofibromas — em geral, são benignos.
Como é realizado o diagnóstico?
A NF1 é uma das doenças genéticas mais comuns e atinge uma a cada 3 mil pessoas em todo o mundo. Apesar de ser característica, infelizmente é uma doença pouco conhecida na comunidade médica, o que pode atrasar o diagnóstico. Há casos de pessoas que passam a vida inteira sem saber que são portadoras da condição.
O diagnóstico clínico é sugerido pelos sintomas clássicos da doença São eles:
- Seis ou mais manchas cor de café com leite, maiores do que 5mm antes da puberdade ou maiores que 15mm depois da puberdade;
- Sardas nas axilas ou nas virilhas;
- Glioma das vias ópticas;
- Dois ou mais neurofibromas de qualquer tipo;
- Lesão óssea típica;
- Dois ou mais nódulos de Lisch, que são examinados pela lâmpada de fenda;
- Variante patogênica encontrada no gene NF1.
Contudo, em alguns casos, principalmente em crianças que apresentam apenas manchas de cor café com leite, o diagnóstico só é possível através da confirmação com o exame genético.
Tratamento da Neurofibromatose tipo 1
Em primeiro lugar, é preciso destacar que não existe um tratamento específico para a neurofibromatose tipo 1, mas a confirmação precoce de seu diagnóstico permite que o médico conduza o planejamento de um monitoramento para a identificação das possíveis complicações.
Isto é importante para o seu manejo precoce, minimizando os eventuais impactos que a doença pode trazer. Alguns casos podem ter indicações cirúrgicas para a remoção de tumores que estejam provocando pressão sobre órgãos.
Neurofibromas plexiformes
Os neurofibromas plexiformes são tumores maiores e mais extensos que crescem de nervos em qualquer parte do corpo. Ao contrário dos neurofibromas cutâneos, os neurofibromas plexiformes são frequentemente encontrados em crianças pequenas (às vezes, até mesmo presentes na época do nascimento). Os neurofibromas plexiformes podem estar localizados ao redor da órbita do olho, no rosto, nos braços, pernas, costas, tórax ou abdômen.
Os neurofibromas plexiformes nem sempre permanecem benignos ao longo da vida, como os neurofibromas cutâneos. Raramente, um neurofibroma plexiforme pode se transformar em um câncer, denominado “tumor maligno da bainha do nervo periférico” (MPNST), sendo uma apresentação grave da doença.
Cerca de até 30% dos pacientes podem desenvolver esse tipo específico de neurofibroma. Os neurofibromas plexiformes podem levar a uma série de sintomas, de acordo com a sua localização. Eventualmente, eles crescem, piorando o quadro clínico do paciente.
Genética e a Neurofibromatose tipo 1
As neurofibromatoses podem ser divididas em três tipos: a NF1, a NF2 e a schwannomatose. Os três casos são decorrentes de problemas genéticos.
Enquanto o tipo 1 é provocado por mutações no gene NF1, a NF2 é originada pelas alterações no gene NF2, localizado no cromossomo 22, que diminui a produção de merlina, uma proteína que suprime o crescimento de tumores em pacientes saudáveis. Este tipo da doença pode levar o indivíduo à perda de audição.
Já a Schwannomatose, que é o tipo mais raro da doença, é caracterizada pelo desenvolvimento dos tumores no crânio, na medula espinhal ou nos nervos periféricos. Em geral, os sintomas desta enfermidade surgem a partir dos 20 anos.
Mediações e novos horizontes terapêuticos
Novas medicações vêm sendo estudadas para o tratamento da doença. Recentemente, a ANVISA aprovou a medicação Selumetinibe para o tratamento de neurofibromas plexiformes sintomáticos e não tratáveis por meios cirúrgicos. O estudo SPRINT mostrou que 66% dos neurofibromas plexiformes tratados com a medicação tiveram eficácia na redução de volume.
Atualmente, a medicação não está incluída no rol do SUS ou da ANS. Também não foi avaliada pela CONITEC, devendo o médico geneticista, portanto, avaliar cada caso individualmente.
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Referências:
- IH National Institute of Neurological Disorders and Stroke. Neurofibromatosis Fact Sheet. Disponível em: https://www.ninds.nih.gov/Disorders/Patient-Caregiver-Education/Fact-Sheets/Neurofibromatosis-Fact-Sheet. Acesso em: agosto. 2021.
- NHS Choices. Neurofibromatosis Type 1. Disponível em: https://www.nhs.uk/conditions/neurofibromatosis-type-1/. Acesso em: agosto. 2021